“Se o mal é contagioso, o bem também é. Deixemo-nos contagiar pelo bem!” Papa Francisco
Nos últimos dias, tivemos o Jogo da Solidariedade no Estádio do Maracanã, como forma de mobilizar vários torcedores e várias personalidades da mídia e do futebol brasileiro para arrecadar fundos para a tragédia do Rio Grande do Sul. Esta não é a primeira iniciativa. No final do ano ou no período de férias, vemos vários eventos como esse. No entanto, ao longo do ano, durante os campeonatos estaduais, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Sul-Americana e Libertadores, percebemos o quanto a solidariedade e a fraternidade ficam fora das quatro linhas.
São inúmeros episódios lamentáveis, sejam eles brigas entre torcedores, jogadores e dirigentes de clubes. Infelizmente, o “espírito esportivo” fica para outra hora. O futebol é, possivelmente, o esporte de maior poder de mobilização do Brasil, quiçá do mundo. Vemos o quanto a sociedade brasileira, por exemplo, vive uma experiência diferente na época da Copa do Mundo. Quantas pessoas não respondem que, apesar de não torcerem para nenhum time, torcem pela Seleção Brasileira?
Fico pensando por que, ao longo do ano, não podemos pensar o futebol como uma força mobilizadora da sociedade? Para o bem? Sabemos que são vários os interesses financeiros, políticos, patrocínios milionários. No entanto, se todos (Direita e Esquerda) dizem que lutam por um país sem pobreza, com crescimento econômico e tantos outros aspectos positivos, por que ninguém ainda se moveu para pensar sobre a crise que o futebol e a Seleção Brasileira atravessam neste aspecto sociocultural? E o quanto isso tem influenciado na crescente onda de violência nesse meio?
Para mim, os episódios de violência no mundo do esporte são apenas a materialização de que nós, brasileiros e brasileiras, estamos cada vez mais individualistas e que esses episódios de solidariedade podem até ser genuínos, mas não são pensados como um projeto duradouro que pode, de certa forma, nos inspirar como sociedade para a construção de um País do Futebol e cordial, como ouvimos erroneamente algumas vezes. Quem conhece a história do Brasil sabe que a construção da imagem do brasileiro como uma figura cordial tem como intenção, principalmente, esconder as nossas mazelas sociais, econômicas, culturais, educacionais e políticas, refletidas nas mais diversas esferas do cotidiano. Quem sabe, agora é a hora de finalmente reconhecermos os nossos problemas e utilizarmos esse espírito de solidariedade e fraternidade para a reconstrução de nosso país?
Amanda Oliveira